quarta-feira, novembro 21, 2007

A vós...

Sempre de sorrisos oblíquos esperavam-me, encostados às paredes ocas de criatividade. Rostos sedentos de novidade, rostos reflectindo vida, alegrias, tristezas, cansaços, pequenos mundos escondidos. Mundo Homogéneo o nosso. Mesma idade, mesmas vivências, mesmas referências flutuavam naquele antro de enguias eléctricas. Caminhos idênticos que divergiram. Caminhos que se multiplicaram, depois, em vários trilhos diversos.
A experiência invulgar do caramelo... "Nunca pensei que comer um caramelo fosse tão psicadélico!". Na sala, alguns sons da natureza espezinharam a objectividade e o peso artificial da maquinaria. Da profundidade daquelas almas, daqueles seres com tesouros camuflados, surgiu a poesia. Experiências vividas, ao longo deste tempo, transformaram meras letras e palavras soltas em metáfores minuciosamente reflectidas.
Tal qual girassóis abraçam a beleza da palavra que os fulmina, admiram a poesia de cada frase, mergulham nos mares translúcidos de literaturas outras.
Teresa Garcia

terça-feira, setembro 18, 2007

A volta ao mundo em 360 páginas


A leitura é como se de um Universo paralelo se tratasse.
As viagens que se podem fazer nas asas de um livro são sempre surpreendentes, nunca sabemos o local de partida nem o destino, não há horário de embarque, nem limite máximo de bagagem.
O livro, enquanto meio de transporte, pode ser pequeno como um veículo citadino, do tamanho de um bolso, ou enorme como um boeing 747, cheio de detalhes e de lugares vazios preparados a preencher, mas como já dizia o ditado, “o tamanho não é o mais importante”, mas sim o seu conteúdo.
A livraria, enquanto cais de embarque, é quase sempre o ponto de partida para mais uma aventura, uma agência de viagens por excelência onde podemos sempre consultar os novos roteiros, os packs promocionais e até no caso dos mais indecisos, pedir alguns conselhos.
Começamos por escolher o nosso rumo, e enquanto uns optam pela adrenalina proporcionada pelos destinos de acção e aventura, outros optam pelo constante reacender do romance em paragens mais calmas e quentes. Mas existem para todos os gostos, inclusive os mais alternativos ou requintados.
A partir daí tudo se torna fácil, e quer seja em executiva e com todos os mimos que por exemplo um copo de chianti pode providenciar, ou em low-cost, acompanhado por um pires de tremoços, a sensação que nos atravessa é exactamente a mesma, de liberdade, de comunhão, paz interior, relaxamento, um tai-chi improvisado em páginas de papel que nos transporta para todas as latitudes imagináveis.
Afinal, depois de uma acesa discussão, depois de ponderados os imponderáveis e da mistificação do assunto, o segredo do teletransporte foi descoberto. O livro é o resultado químico dessas buscas, o objecto que nos permite dobrar as barreiras do espaço e do tempo, o tapete voador dos tempos modernos.
A pergunta que se deve fazer é porque contentarmo-nos com o simples caminhar, quando podemos ter asas?
Flávio Trindade (IEM)

segunda-feira, setembro 17, 2007

2+2=5



O Homem está desde sempre à procura de si próprio, buscando incessantemente respostas para todas as suas perguntas.
É por norma bastante difícil de satisfazer, por isso, as respostas têm que vir em forma de verdades absolutas, impossíveis de refutar ou sequer de poder pensar em algo ligeiramente diferente.
O Homem é também desconfiado por natureza, daí ser bastante mais fácil acreditar nessas mesmas verdades absolutas, porque elas acabam por explicar de forma sintética as outras verdades que o Homem há muito procura.
Há quem diga que as verdades absolutas são difíceis de encontrar, ou de formular, mas quero desde já desmentir essa teoria.
Elas estão um pouco por todo o lado, nas nossas escolas e faculdades, nas nossas empresas e partidos políticos e como se isso não bastasse, são visíveis e palpáveis. Com o passar dos tempos ganharam a forma humana, quais mutantes, formaram um grupo restrito e fortemente organizado e agora intitulam-se professores de matemática, ou matemáticos catedráticos, conforme a hierarquia que ocupam dentro do clã.
Os matemáticos são os senhores de todas as verdades absolutas.
São seres absolutamente geniais, inabaláveis no seu púlpito, destilam imparavelmente e sob a forma numérica, dúzias de verdades absolutas por segundo.
Mas como tudo na vida, a genialidade tem um preço, e esse preço a pagar é a incompreensão generalizada. Os seus alunos não os percebem, os seus amigos não os percebem, os seus pais fazem um esforço hercúleo para os tentar perceber (o maior pesadelo de todos os pais é terem gémeos ambos matemáticos), mas pior do que isso os seus pares professores de outras áreas (aquela gentinha com quem os matemáticos têm de socializar e para quem têm de sorrir em todos os intervalos na sala de professores) também não os percebem.
Os matemáticos têm a sua própria linguagem que obedece à sua própria métrica e à sua própria lógica, por isso podem cometer impunemente todo o tipo de atropelos à língua do seu país sem que ninguém ouse pôr isso em causa. Na realidade os matemáticos são tão geniais que possuem a capacidade única de não terem de emitir qualquer tipo de som para se entenderem. O seu alfabeto é tão vasto, que para além das letras que todos nós conhecemos, constam uma variedade interminável de símbolos e hieróglifos que só eles conseguem descodificar. Uma das suas principais mágoas é o facto de terem efectivamente de se dirigir verbalmente aos seus alunos para dizer a única frase que não consta do seu alfabeto simbólico-numérico, ou seja, “ resolva este exercício”. Um dos seus mais proeminentes membros tentou acabar com esse enorme problema utilizando a combinação #111*, mas o centro de apoio a clientes da Optimus já se lembrara dessa pérola do pensamento lógico um pouco antes e como tal a equação persiste.
A dicotomia existente entre os matemáticos e os outros é vincada pelas suas características únicas e inatas.
Assim como os camionistas têm um autocolante gigante no seu camião com a frase “ os camionistas são gajos porreiros” que normalmente acompanha o emblema do Benfica e poster da Samantha Fox, os matemáticos têm por sua vez uma pequena inscrição no vidro traseiro dos seus automóveis, que diz “ Deus é Matemático”, inscrição essa que não pode ocupar mais de um décimo da superfície do vidro, para o restante ser utilizado para processar enquanto conduzem, os cálculos das distancias para os outros veículos.
Para além dessa característica que os define, existem outras, como o programa de televisão que todos adoravam, o 1,2,3 ou o facto de 4 em 5 matemáticos, terem colado na parede dos seus quartos um poster de dimensões apreciáveis do seu grande ídolo e guru, obviamente Pitágoras.
Essa intrigante figura sem paralelo na história da humanidade conseguiu a façanha de conseguir transformar uma dupla de letras aparentemente insignificante “PI” no valor aparentemente exacto de 3 virgula-qualquer-coisa-que-agora-não-me-lembro-porque-não-sou-matemático.
Pitágoras teve uma infância difícil. Os seus pais que trabalhavam de sol a sol dedicavam-lhe pouco amor e atenção, como se pode constatar pelo nome que lhe escolheram, e desde cedo o jovem Pitinho, como lhe chamava Copérnico o seu amigo imaginário, ficou abandonado à própria sorte. Abusado física e psicologicamente na escola, sobrou apenas a enorme paixão que tinha pela rapariga da cantina, não pela rapariga, mas por aquilo que ela lhe arranjava todas as semanas depois do almoço, os recortes do sudoku retirados das suas revistas de celebridades. Assim o jovem Pitágoras começou a exercitar o seu fascinante intelecto.
Chegou à conclusão que só seria respeitado entre os seus pares e entre as massas se fosse o dono de uma verdade absoluta. Trabalhou arduamente para o conseguir até que num belo dia, e tal como Einstein o conseguiria também depois de levar com uma maçã na cabeça, o despertador quase novo de Pitágoras comprado há apenas uma semana nos chineses, deu o ultimo PI já passava das 3 da manhã. Acabado de acordar e apesar de furibundo por ter dado 25€ por um despertador que lhe durou uma semana, Pitágoras logo percebeu que esse momento o haveria de imortalizar e às 3.20 da manhã já era dono da sua verdade absoluta.
35 despertadores depois, Pitágoras acabou por falecer, ainda jovem, mas plenamente realizado, e é ainda hoje o exemplo a seguir por todas as novas gerações de jovens matemáticos.
Eu próprio inspirado no seu exemplo pretendo consagrar também a minha verdade como absoluta, recorrendo a outros acordes diferentes de PI, talvez um FÁ ou um LÁ, com outros valores aparentemente exactos, ficando para isso à espera de um sinal do divino, ou de uma outra entidade qualquer, pode ser igualmente dos chineses, desde de que aquilo que eu compre dure mais que uma semana…
Flávio Trindade

sábado, maio 19, 2007

Praia


Foto: Gonçalo Silva (IGR)

sábado, maio 12, 2007

Se pudesse escolher uma frase, então pediria que ali fosse gravado:
«Ele morreu enquanto estava vivo.»
Podia parecer um contra-senso,
mas conhecia muitas pessoas que já tinham deixado de viver embora continuassem
a trabalhar,a comer, e a ter as suas actividades sociais de sempre.
Faziam tudo de maneira automática,
sem compreender a magia que cada dia traz em si,
sem parar para pensar no milagre da vida,
sem entender que o próximo minuto pode ser o seu último neste planeta.

Hélder Rodrigo Pinto (TIM)

terça-feira, abril 17, 2007

O Titan


Foto: Gonçalo Silva (IGR)

quarta-feira, abril 11, 2007

Impressões IV



Do cimo de uma colina ofusca-me a beleza de duas senhoras, equiparada à magnificência do campo verdejante. Um perfume imenso invade-me os pulmões de tal forma que consigo sentir na língua o sabor a fruta do tal odor. Uns sons angélicos vindos de duas crianças simplesmente puras relaxam-me a alma, tanto que debaixo de mim imagino que esteja o tão aguardado paraíso. Passando a mão pelas papoilas consigo sentir todos os seus belos traços de perfeição e toda a sua inocência perante todo este mundo pecador.
Gonçalo Silva
Henrique Costa
José Diogo Cardoso
Rafael Silva

Impressões III
















O sabor a amargura, o cheiro do fumo poluente do carvão a arder, uma visão de uma máquina, assustadora, resistente, posta à prova durante dias, anos, séculos até aos dias de hoje. Um ambiente de pressão, um ambiente de monotonia, por onde passam centenas e centenas de pessoas diariamente. Uma rotina, um ciclo vicioso, um negócio onde o dinheiro que nos chega às mãos é sujo, imundo.


Hugo Cardoso
João Sardon
Nuno Barros
Tiago Gomes

Impressões II


Depois de termos entrado no comboio em Madrid, passadas 3 horas chegamos a Paris.
A sensação de chegar a uma cidade diferente provocou-nos um sentimento de euforia. As vozes, os barulhos, o aroma perfumado no ar, o cheiro intenso de croissants que quase se conseguia provar pela simples brisa, despertou o apetite após uma longa e cansativa viagem.
O simples descer do comboio tornou-se numa despedida de um amigo. A beleza dos edifícios á volta da estação desviava-nos o olhar que parecia não parar como se de um carrossel se tratasse. Tudo nos pareceu um sonho até ao momento em que nos sentamos num mesa redonda para tomar café. A chávena quente fez-nos lembrar o calor da nossa pátria e o sabor forte despertou-nos para a realidade.


Daniela Barbosa
Júlio Magalhães
Miguel Silva
Pedro Dias

Impressões I


Chego à cidade onde a luz me ilumina mesmo de noite, onde os aromas das pastelarias e dos seus quentes croissants, que quase consigo provar, se parecem misturar com as conversas no chalé da vida alheia..... Relembro o meu campo que me viu nascer, ao cruzar-me com uma recente e fumegante massa que sempre identifiquei como “algo que a natureza deu ao cavalo, e ele fez o favor de lhe devolver”. Senhoras encharcadas pelas chuvas de Dezembro, chuvas que intensificam os odores em nada seus, mas sim importados de Paris, disse-lhes o vendedor da perfumaria…o policia que corre, de apito na boca que é apitado num “Pi” quase pitoresco, corre atrás do miúdo órfão que não mais fez do que roubar uma maçã, porque tinha fome, e não dinheiro...
Humberto Silva (IGR)
Jorge Coelho (IGR)
David Oliveira (IGR)

segunda-feira, março 05, 2007

Tu

Tu
Tu és o vazio que percorre a minha mente
Tu és o vazio que me dá inspiração
Tu és o vazio que me deixa assim
Tu és o vazio que falta em mim

Fazes-me falta todos os dias
Fazes-me falta a toda a hora
Já nada existe na minha mente a não ser tu
Alimento-me da minha ilusão
Do meu mundo imaginário
Só tu e eu…

És como o diamante que nunca poderei ter
És como o sol que nunca poderei alcançar
És como o mar que nunca poderei conquistar
Mas…
És o ar que me dá vida
És a paisagem dos meus olhos
És o sangue que corre nas minhas veias
És a melodia dos meus ouvidos
És a seda das minhas mãos
És o meu coração!

Esquece
Não quero esquecer!
Não tens hipóteses
Não quero saber!

Não preciso de te ter
Não preciso de te ver
Não preciso de te sentir
Preciso que respires
Preciso que vejas
Preciso que sintas
Preciso que existas!

Não consigo arrancar de cá de dentro
Este sentimento torturante
Não porque não queira
Mas porque o coração não deixa
Mas porque a mente não quer…


RonaCris

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Aguarela

Tu és aquela
Que na minha tela
Eu idealizo
Com a aguarela

Venho pintando a tela
Desde o dia em que te vi
Em todo o teu esplendor
Foi por ti que eu caí

Pões-me doente
Sempre que comigo falas
Porque ando carente
Se comigo não te ralas?

Um sentimento sem sentido
Numa estrada sem fim
Estrada que percorro
E que me deixa assim

O meu sonho
É ter-te a meu lado
É lá que me ponho
Sempre que me deito, sossegado.

A aguarela da vida
Não nos quer juntar
Serás sempre a minha querida
Demore o que demorar

Será assim tão difícil
Amar e ser amado?
Caiu que nem um míssil
Quando soube do teu namorado!

De que vale sofrer
Por uma pessoa?
Não há nada a aprender
Se não a própria dor…

Aguarela da vida
Aguarela da vida
Hás-de ser pintada
Pela minha querida.

RonaCris

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Neste dia de S.Valentim

Neste dia de S. Valentim…

Agora que estamos sozinhos,
Quero que dances só para mim,
No meio de tantos carinhos,
Neste dia de S. Valentim

No meio de telefonemas,
Até custa desligar,
Não te conto os meus problemas,
Pois eu não te quero chatear

Este dia é especial,
Por que é o dia dos namorados,
O facto de ninguém levar a mal,
Amarmos e sermos amados

Passo tempos infinitos,
No quarto a escrever,
São dias esquisitos,
O que está a acontecer?

Serei eu que estou diferente,
Ou é este dia que não tem fim?
Por favor fica presente,
Neste dia de S. Valentim

Eu gosto muito de ti,
És tudo para mim,
A única flor que sorri,
Neste meu pequeno jardim

Se fosse nesta altura Verão
Eu entendia este meu calor,
Mas vejo que é do coração,
Que sai todo este meu amor

O meu sentimento por ti,
Não tem mesmo palavras,
Na tua consideração subi,
Como quem sobe escadas

Eu adoro-te muito,
Deixa-me ficar contigo,
Neste momento o meu intuito,
É cumprir o meu objectivo

E agora tiro o meu véu,
E termino com um lindo fim,
Prometo levar-te ao céu,
Neste dia de S. Valentim



Pedro Bandeira Dias (IGR)

quarta-feira, janeiro 31, 2007

Hei-de ser alguém na vida
Alguém com sucesso
E não o que dizem muitas pessoas
Com um retrocesso
Tenho pena que não confiem em mim
E me queiram desanimar
Vou conseguir até ao fim
Vou conseguir alcançar
Este meu sonho do qual me tentam acordar
Do qual me tentam dissuadir.

Este mundo é tudo o que quero
E tudo o que preciso
Para mostrar o que valho
No meu futuro indeciso
Vou mostrar que sou alguém
Com potencial
Para fazer milagres
E ainda algo genial.

Tentam-me desviar
Do meu futuro perfeito
Vocês não sabem
Que ele está definido por defeito?
Não me venham com mentiras
Que é para meu bem
Não acredito nisso
Nem nunca acreditei
Apenas querem o melhor para vocês
O mais conveniente.

Não sou criado de ninguém
Nem nunca o serei
Hás-de lembrar-te do dia
Em que te espezinharei
Só sou filho para o que interessa
E só me pões defeitos
Digo-te desde já
Que somos todos imperfeitos
Olha bem para ti
Tens uma doença
Não queres acreditar
E ainda me falas em crença.

Cambada de falsos
Que vocês são
O que criam dentro de vós
É apenas ilusão.
Manhosos
Com as suas mentiras
Manhosos
Que não têm o que fazer da vida
Fazem da vida
Aquilo que não é
Fazem-se passar
Por quem não são.

Queres mudar de vida
Até acho bem
Decidiste isso agora
Porque assim te convém
Deitas abaixo
Obstáculos no caminho
É pena que não me dês
O meu merecido carinho.

Ronacris

terça-feira, janeiro 30, 2007

A turma TIM

Amigo é aquela pessoa que o tempo não apaga,
que a distância não esquece,
que a maldade não destrói.
É um sentimento que vem de longe,
que ganha lugar no teu coração
e não substituis por nada.

É alguém que sentes presente,
mesmo quando está longe...
Acompanha-te quando estás sozinho
e nunca nega um sentimento sincero.

Ser amigo não é coisa de um dia,
são actos, palavras e atitudes
que se solidificam no tempo e não se apagam mais.
Que ficam para sempre como tudo que é feito
com o coração aberto.
Helder, TIM

Moral, anarquismo e ateísmo

A liberdade e a felicidade mais não são que dois conceitos tornados impossíveis pelas religiões e outras situações de totalitarismo. A liberdade Humana define, por si só, despreendimento de ideais de massas associados a alienações mentais. A vontade de escolher, ou heresia como definição Católica, supõe o fim dos carácteres de obrigatoriedade e o fim de conceitos religiosos. Levar essa liberdade até aos campos da felicidade em mais se afirma como único meio de combate à religiosidade. A felicidade alcançada pelas vivências de um ser Humano, que mais não é que ele próprio, pressupõe essa liberdade de escolha, ou essa heresia, ou tão somente liberdade. A busca dos conceitos de felicidade é um falso objectivo promovido pelas religiões, pois não assenta no alicerce máximo, a liberdade. Passa por cima e aglomera individualidades ao homogéneo pensamento grupal. Sem espaços para ser aquilo que se é, a felicidade é impossível, ainda que por vezes vista erradamente como presente. Assim sendo não é desfrutada, mesmo sendo de carácter moral procurá-la. A nossa e a dos outros por causa efeito. A liberdade de pensar e ser aquilo que se quiser mediante o respeito moral e não obrigatório pelos outros. A moral aprima a postura Humana como ser pensante e tolerante. A obrigatoriedade conduz ao rompimento por pura vontade de ser livre.
Também a desigualdade económica induz problemas sérios a esses conceitos morais, à liberdade e à felicidade. O livre-arbítrio individual inexiste em proporções dignificantes. A existência de riqueza conduz à decadência de moralidade e de existência saudável psicológica. A alienação material, causada pelo luxo, retira as bases Humanas fundadas na necessidade e sobrevivência individual e da espécie. A mente atormentada pelo luxo, alienada pelo materialismo, e corrompida pelo prazer do poder de poder, navega no vácuo imenso da irresponsabilidade Humana, da degeneração moral e da decadência como ser Humano. A pobreza é o reflexo. A riqueza de poucos será a pobreza de muitos. As necessidades insatisfeitas e a sobrevivência, dificultada ou mesmo impossibilitada, acarreta um conjunto imenso de factores de decadência física e mental pela incapacidade de subsistência. Males que provocam o desespero e a ira de não se conseguir a dignidade de ser. A propagação dos negativismos da riqueza e da pobreza, e discrepâncias a elas associadas, reflectir-se-ão em toda uma sociedade. E nas circundantes.
Uma igualdade trará uma sociedade saudável assente nos pressupostos Humanos básicos de liberdade e correspondente felicidade que acarretará, por consequência, todos os factores Humanos dignos, numa forma de moralidade por igualdade.
A igualdade não se poderá manifestar por um carácter de obrigatoriedade, mas sim pelo carácter de moralidade. Daí surgirão, então, as liberdades de escolha e consequente felicidade pela exaltação das características intelectuais e criativas individuais.
Esses requisitos morais iniciam e garantem a liberdade do indivíduo e da espécie, uma liberdade de observações, de experiências, de constatação de factos, uma liberdade para a vida cheia de força e criatividade. O desenvolvimento máximo das capacidades individuais e, consequentemente, o desenvolvimento máximo das capacidades da espécie.
Vejamos agora as interacções entre indivíduos. Aqui, pelos parâmetros morais, definir-se-ão mutualismos, utilizando instinto de solidariedade. Tanto nas relações inter-indivíduos, como inter-sociedades. Esse mutualismo poderá ser, mediante a força dos alicerces que possuir, transformado em simbiose. O carácter organizacional comportará a não-hierarquização de forma a suprimir as tendências de produções para a riqueza e consequente desigualdade. A auto-organização natural poderá gerir saudavelmente esse factor. A inexistência de uma autoridade de obrigações e sanções acarretará a saudável harmonia de produtividade e liberdade.
Qual será a qualidade de ser que atribuirá o conceito de moral? O Ateísmo. Quando atitudes hediondas de homofobia, genocídio, sexismo, parasitismo e alienação não podem ser desculpadas por um ente inexistente, seja ele deus, allah, zeus, apollo, anúbis, ou qualquer outro ser imaginário, serão então indesculpáveis por uma sociedade saudável, verdadeira e moralista. Mas se a base de percepção da realidade for real, não existirá então a conduta imoral apoiada por deuses. Se deuses não repudiam a imoralidade, repudia-a a sociedade. Mas se esses deuses imorais inexistirem nas psicologias individuais, as acções de imoralidade prosseguirão? A moral adquirida. A Vida privilegiada. A Fraternidade finalmente alcançada...
Bruno Resende (DAI)

“A alegria encontra-se no fundo de todas as coisas, mas a cada qual corresponde extraí-la.”
Marco Aurélio

Dezembro.
Lá fora o frio percorria os meandros portuenses.
O fim de ano aproximava-se mas resquícios de Natal ainda empoeiravam o ar gélido.
CESAE.
Preparava-se o evento da tarde e os nervos teimavam em arruinar a boa disposição naquela manhã azulada.
De mochilas às costas e almas prestáveis, os jovens amontoavam-se nas salas onde estava previsto tudo acontecer. No entanto, as teias de aranha tecnológicas impediram a realização do evento naquele local e eles rumaram para outra sala, que os acolheu com um sorriso luminoso e quente.
Uns escondiam-se por detrás de ecrãs mágicos, fervilhando de ideias mirabolantes. Outros espanavam panos pretos enormes nas varandas do CESAE, fazendo depois uns malabarismos, em cima de mesas e cadeiras periclitantes da sala grande, de forma a impedir a invasão solar naquela sala afável. Outros ainda ensaiavam uma peça de teatro, deambulando pela sala de olhares esgazeados. Outros jovens experimentavam sons, vozes, batidas, ritmos, enquanto uma assistência crítica lhes ia sussurrando conselhos amigos.
14.30h.
Momento da verdade.
Escuridão nos bastidores. O pano sobe.
A música assolava-lhes os corpos maquilhados de uma segurança imposta. Na tela, uma explosão colorida de imagens pintava-lhes as palavras que se espraiavam pela audiência atenta.
Uma insistência solar rasgava o pano negro penetrando na sala. A ovação estourou. A sala esvaziou e um rasto perfumado de elogios ficou a pairar no ar.

“Vale a pena repetir muitas vezes as coisas belas.”

Platão

Teresa Garcia

terça-feira, janeiro 16, 2007

Tertúlia Poética



No passado dia 27 de Dezembro pelas 14.30, realizou-se uma tertúlia poética no Cesae do Porto. Esta tertúlia, organizada pela formadora de português, Teresa Garcia, e com a participação da mesma e de alguns formandos, consistiu na declamação de poemas de diversos autores e de autoria dos formandos, tais como, Fernando Pessoa, José Régio, Florbela Espanca, entre outros.
A sala, onde foi realizado o evento, estava decorada com um tecido vermelho colocado no chão e com algumas velas criando um ambiente quente, apropriado ao que se iria passar, e com passagem em tela de alguns slides com uma breve biografia dos poetas.
Para além das declamações dos vários poemas, acompanhados por música, destacou-se o poema inicial, declamado pelo formando Rafael, que foi cantado em rap e no final uma peça de teatro, com a participação dos formandos Sara, Rúdi, Cláudia e Helder da turma TIM. No fim do evento realizou-se uma pequena troca de prendas trazidas pelos formandos e formadores.
As opiniões foram diversas e as críticas positivas. De entre as várias pessoas presentes na sala falei com a formadora Carla Almeida que me disse que tinha achado “ muito engraçado e criativo”, com a coordenadora do Cesae que me confessou “ que excederam as expectativas e que estavam todos de parabéns” e ainda com mais três formandos onde a opinião geral foi de que gostaram e que “eventos como este se deviam voltar a repetir”.



Andreia Oliveira (texto, TPS)
Paulo Barbosa (fotos, TPS)
Gonçalo Silva (fotos, IGR)