sábado, novembro 21, 2009

Aos marketeers


“(…)-Laços?
- Sim, laços – disse a raposa. – Ora vê: por enquanto, para mim, tu não és senão um rapazinho perfeitamente igual a outros cem mil rapazinhos. E eu não preciso de ti. E tu também não precisas de mim. Por enquanto, para ti, eu não sou senão uma raposa igual a outras cem mil raposas. Mas, se tu me prenderes a ti, passamos a precisar um do outro. Passas a ser único no mundo para mim. E, para ti, eu também passo a ser única no mundo… (…)”
In, O Principezinho, de Antoine de Saint-Exupéry



Olhares feitos de ânsia miravam-me, perscrutadores. Partilha de sorrisos e de experiências e uma empatia garantida. Alguns, efusivos e expressivos, soltavam ideias fluidas, enquanto outros, cautelosos, se camuflavam por detrás de uma timidez aparente. Recordo, apenas, o dia em que as máscaras caíram e todos os que se encontravam naquela sala mostraram os seus verdadeiros eus… risos, lágrimas, sons de vozes, a pureza a inundar cada coração… um momento raro indelével.
Depois as questões, a confusão, o medo, o stress daqueles que lutavam contra o tempo e navegavam no desafio tempestuoso. Por vezes, a raiva, a incompreensão mas um esforço contínuo a povoar cada ser que se debatia, tentando, à força, desbravar o seu ser, encontrando o tão esperado equilíbrio apaziguador.
À minha frente, olhares. À minha frente, vozes. À minha frente, seres.
O amante do desporto que reflectia, curioso da vida, emanando uma doce serenidade; a boneca de porcelana, adoradora de animais, que contagiava tudo e todos com as suas risadas mascaradas de uma leve insegurança; a jovem de olhos de azeitona cuja voz, melíflua e segura, sempre cirandava, expressiva e efusiva, naquela sala apaziguando os outros com um “sossegadito”; a morena, que gostava de mecânica, e que combateu até ao fim, conseguindo encarar o seu público com o olhar; o chefe de cozinha que encantou uma audiência atenta e a incitou a cantar Mafalda Veiga; o antigo militar, cujas experiências marcaram muitos, que não era mais do que um palhaço de Picasso; a jovem, de cabelos como as copas loucas das árvores, que teve de aprender, ao longo deste curso, a controlar a sua expressividade, tornando-se mais madura; o escritor, que por sinal também era DJ, que foi pincelando, em silêncio, a tela da sua vida e do seu trabalho; o tímido vendedor de automóveis que venceu a insegurança e se ergueu, perante as adversidades da vida, produzindo um bom trabalho final, fruto do seu esforço e do seu mérito; a jovem morena, de olhos meigos, que sorria sempre mesmo quando por dentro a tristeza se abatia; o sonhador artista que pululava de ideia em ideia e que conseguiu concretizar um produto final de excelente qualidade; o jovem alto, de cabelos cinzentos, que sempre aderia, de sorriso esboçado no rosto, a todas as sugestões lançadas; a jovem mulher de cabelos dourados que ansiava contar as histórias da sua vida; a fotógrafa sorridente, companheira de outros passos em outros tempos; a jovem mulher, amante da terra, telúrica, tal como Torga, fazendo questão de a dar a conhecer, servindo de guia turística.
E com isto se foram criando laços. Como sempre. Criam-se laços mas as presenças esvanecem-se com o tempo…ficarão sempre os momentos inolvidáveis nas nossas memórias. Obrigada pelos deliciosos momentos de partilha!

Teresa Garcia

sexta-feira, julho 17, 2009

A Tis...




A história inicia-se com olhares curiosos, serenos ainda, por detrás de vários ecrãs, barreiras da comunicação. As temáticas eram lançadas e elevavam-se as vozes, descontroladas e sedentas de intervenção. O temporal abatia-se sobre a sala e um vento de emoções desordenadas varria a ideia do controlo emocional.


Compreensão. Apreensão da tolerância e do auto-controlo. De toda aquela amálgama de universos sobressaía um poeta, um filósofo que sucumbiu às forças da realidade e do ritmo lento e monótono do quotidiano. “O meu coração não é um parque de estacionamento”, uma máxima, uma pegada que jamais as vagas do tempo irão apagar; depois havia um jovem com alma de político, de cuja boca jorravam ideias fundamentadas; um artista que sonhava com a sua ascensão no mundo musical; um curioso de nome invulgar e de uma humildade inocente invejável; duas flores que coloriam um campo essencialmente masculino; tímidos inveterados; os verborreicos descontrolados; um amante do cinema que descobria, aos poucos, o prazer do mergulho no papel recheado de histórias; um criador insatisfeito de música alternativa; um jovem que insistia em baptizar a formadora com um nome de uma sobrinha; um jovem, quase sósia de John Lennon, que escondia a sabedoria por detrás da máscara da insegurança.


Da vontade imparável de falar passou-se à vontade imperiosa de ser. Saíam agora dos casulos construídos ao longo de uma vida e abriam as asas, sôfregos de novos caminhos e de aprendizagens outras.


Teresa Garcia

segunda-feira, julho 13, 2009

Palestra com Júlio Magalhães



Foi uma tarde diferente pois o jornalista Júlio Magalhães é uma pessoa muito especial. A forma como dirigiu a palestra foi uma maneira de nos incentivar a acabar a formação e a não desperdiçar as oportunidades que nos aparecem pela vida fora. Segundo ele próprio diz só tem o 12º ano, pois apesar de ter começado 3 cursos na universidade não acabou nenhum. Citando uma das frases que melhor recordo dessa palestra, Júlio Magalhães referiu “aproveitei todas as oportunidades que me surgiram, não desperdicei nenhuma”, e o factor para o meu sucesso foi “ 60% de sorte e 40% mérito”.

A vida do jornalista foi um desafio e a forma como a relata foi muito interessante, uma vez que tem uma forma de falar muito simples, descrevendo a sua vida toda na primeira pessoa. Identifiquei-me muito com a sua sensibilidade e maneira de pensar.

Falou-nos de todo o Marketing televisivo e tudo o que as televisões fazem para obter audiências, que nem sempre é o ideal mas “é o fruto da sociedade que temos”. Eu pessoalmente não imaginava como é stressante trabalhar numa televisão e apresentar um telejornal, pois como ele mesmo referiu “ um intervalo mal feito na hora errada pode fazer que percam o dia em termos de audiências”. Eu como uma futura técnica de marketing tirei muito proveito de todo o processo de funcionamento da televisão que o jornalista nos fez questão de explicar.

Uma grande paixão do jornalista é o Basquetebol. Começou a jogar aos 13 anos no Futebol Clube do Porto, conhecido como Juca foi Campeão Nacional em 1980/81/82 e segundo uma entrevista que já tinha ouvido com ele o treinador Mário Barros diz “Ele o que faz, faz bem e nunca gostou de perder”. Eu também sempre fui assim! “Coincidência”, porque “visto sempre a camisola” esteja eu onde estiver e dou o meu melhor.

O último livro de Júlio Magalhães, “Os Retornados Um amor nunca se esquece”, é um livro romanceado que começa por falar da vida dele em Sá da Bandeira e do drama da ponte aérea Luanda/Lisboa, nos anos de 1974 e 1975. Júlio Magalhães imaginou uma relação amorosa entre a fictícia hospedeira Joana e um passageiro, o médico Carlos Jorge.

A sua escrita é muito simples e convidativa, foi um livro que comecei a ler e nem dei pelo tempo passar (uma leitura aconselhável). Este livro também se identifica comigo pois tive dois tios que tiveram de regressar nessa altura de Lourenço Marques e as histórias que contavam de lá, o livro narra algumas. Era um país muito evoluído e muito rico e tudo que tinham tiveram de deixar para trás e quando chegaram cá começaram a refazer a sua vida do zero. Não foi nada fácil pois os hábitos eram outros e a integração foi um pouco difícil.

Neste momento já está a escrever outro romance que vai ser lançado no mercado no final do ano. Como ele mesmo diz «Todos escrevemos, quem escreve uma mensagem num telemóvel também pode escrever um livro». Mas não é bem assim, pois um sonho que eu tenho é escrever um livro, pois adoro ler e escrever mas as oportunidades nunca me surgiram. Será que ainda vou ter essa oportunidade? Um dia? Talvez???


Outra das coincidências é que um livro que o jornalista leu e o marcou foi o “Esteiros” de Soeira Pereira Gomes. Aconteceu o mesmo comigo. Foi um livro que já li há muitos anos mas adorei e ficou sempre na minha memória. É uma obra de profunda denúncia da injustiça e da miséria social, que conta a história de um grupo de crianças que desde cedo abandona a escola para trabalhar numa fábrica de tijolos. Passa-se na vila de Alhandra, às margens dos esteiros (são os canais que existem ao longo das margens do rio Tejo). Para quem nunca o leu recomendo.
No final todos ficámos com pena de ter vindo embora pois estava a ser muito especial, pois mais do que uma palestra tornou-se numa agradável conversa entre todos.


Teresa Vasconcelos (formanda Técnica de Marketing, CESAE)