terça-feira, janeiro 30, 2007


“A alegria encontra-se no fundo de todas as coisas, mas a cada qual corresponde extraí-la.”
Marco Aurélio

Dezembro.
Lá fora o frio percorria os meandros portuenses.
O fim de ano aproximava-se mas resquícios de Natal ainda empoeiravam o ar gélido.
CESAE.
Preparava-se o evento da tarde e os nervos teimavam em arruinar a boa disposição naquela manhã azulada.
De mochilas às costas e almas prestáveis, os jovens amontoavam-se nas salas onde estava previsto tudo acontecer. No entanto, as teias de aranha tecnológicas impediram a realização do evento naquele local e eles rumaram para outra sala, que os acolheu com um sorriso luminoso e quente.
Uns escondiam-se por detrás de ecrãs mágicos, fervilhando de ideias mirabolantes. Outros espanavam panos pretos enormes nas varandas do CESAE, fazendo depois uns malabarismos, em cima de mesas e cadeiras periclitantes da sala grande, de forma a impedir a invasão solar naquela sala afável. Outros ainda ensaiavam uma peça de teatro, deambulando pela sala de olhares esgazeados. Outros jovens experimentavam sons, vozes, batidas, ritmos, enquanto uma assistência crítica lhes ia sussurrando conselhos amigos.
14.30h.
Momento da verdade.
Escuridão nos bastidores. O pano sobe.
A música assolava-lhes os corpos maquilhados de uma segurança imposta. Na tela, uma explosão colorida de imagens pintava-lhes as palavras que se espraiavam pela audiência atenta.
Uma insistência solar rasgava o pano negro penetrando na sala. A ovação estourou. A sala esvaziou e um rasto perfumado de elogios ficou a pairar no ar.

“Vale a pena repetir muitas vezes as coisas belas.”

Platão

Teresa Garcia

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